SÃO PAULO/RIO DE JANEIRO, 20 Jun (Reuters) - Milhares de
manifestantes já ocupam as ruas de mais de cem cidades do país na tarde
desta quinta-feira, levando a polícia a reforçar a segurança,
comerciantes a fecharem as portas e empresas a liberarem os funcionários
mais cedo.
As manifestações foram mantidas mesmo após diversas
cidades do país anunciarem o recuo no aumento da tarifa de transporte
público, reivindicação que deflagrou a onda de protestos por todo o
Brasil. Agora, no entanto, as reclamações vão desde os gastos com a Copa
do Mundo à corrupção.
Na região central do Rio de Janeiro,
manifestantes começaram a chegar antes das 17h, e marchavam pelas ruas.
Horas antes, comerciantes fecharam as portas e bancos e outros
estabelecimentos usaram tapumes de madeira para se proteger e evitar
depredação, como aconteceu no protesto de segunda-feira, que reuniu
cerca de 100 mil pessoas na capital fluminense.
No entorno do
estádio do Maracanã, onde as seleções da Espanha e do Taiti disputam
partida pela Copa das Confederações, foram colocados cordões de
isolamento para evitar confrontos entre policiais e manifestantes.
"Ouvi
dizer que a manifestação virá para cá, então fiquei com receio de vir
com minha filha. Mas como eu já estava com ingresso, decidi vir", disse o
técnico de mecânica André Leite, 42, morador do Rio enquanto ia para o
Maracanã.
Em São Paulo, milhares de manifestantes começavam a
ocupar a Avenida Paulista, a mais importante da cidade, e em Salvador o
protesto acontecia perto da Arena Fonte Nova, onde Nigéria e Uruguai se
enfrentarão pela Copa das Confederações E houve confronto com a polícia.
Em
Brasília, onde na segunda-feira manifestantes subiram na marquise do
Congresso Nacional, milhares caminhavam em direção à sede do Legislativo
e a polícia legislativa e a Polícia Militar reforçaram a segurança. Em
Pernambuco, cerca de 50 mil pessoas tomavam as ruas da capital Recife,
segundo estimativas da polícia.
As manifestações também aconteciam
em capitais de todas as regiões do Brasil, como Porto Alegre, Belo
Horizonte, Teresina, Belém e João Pessoa.
Diante da onda de
protestos, a presidente Dilma Rousseff decidiu alterar sua agenda de
viagens, que incluiria idas ao Japão e a Salvador nos próximos dias.
Em
São Paulo, mais de 189 mil pessoas confirmaram presença pelo Facebook
no sétimo protesto convocado pelo Movimento Passe Livre (MPL) pelas
redes sociais. A manifestação foi mantida apesar do prefeito Fernando
Haddad (PT) e o governador Geraldo Alckmin (PSDB) terem cedido à pressão
e revogado o reajuste da passagem.
"Se antes eles diziam que
baixar a passagem era impossível, a revolta do povo provou que não é. Se
agora eles dizem que a tarifa zero é impossível, nossa luta provará que
eles estão errados", disse o grupo em nota.
Nas várias cidades do
país com protestos marcados para esta quinta-feira, os temores da
repetição dos episódios minoritários de violência e vandalismo, que
aconteceram em manifestações anteriores, fizeram com que comerciantes e
agências bancárias colocassem tapumes em volta de seus prédios para
tentar evitar danos.
A gama de reivindicações apresentada nas
redes sociais até agora varia do pedido de criação de uma Comissão
Parlamentar de Inquérito para investigar os gastos com a Copa do Mundo a
críticas a um projeto de "cura gay" patrocinado pelo presidente da
Comissão de Direitos da Câmara, o pastor evangélico Marco Feliciano
(PSC-SP).
As demandas incluem ainda a rejeição à proposta de
emenda constitucional 37, que restringe o poder de investigação do
Ministério Público e a saída de Renan Calheiros (PMDB-AL) da presidência
do Senado.
O PT, partido que está há dez anos no comando do
governo federal, divulgou nota em apoio aos manifestações e o presidente
da legenda, Rui Falcão, pediu que os militantes levem a bandeira do
partido aos protestos e promovam uma "onda vermelha".
Nas redes sociais, no entanto, internautas têm defendido o apartidarismo dos protestos.
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